quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Pablo Neruda


Morrer lentamente

Morre lentamente quem não viaja,
quem não lê, quem não ouve música,
quem destrói o seu amor próprio,
quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente quem se transforma escravo do hábito,
repetindo todos os dias o mesmo trajecto,
quem não muda as marcas no supermercado,
não arrisca vestir uma cor nova,
não conversa com quem não conhece.

Morre lentamente quem evita uma paixão,
quem prefere o "preto no branco" e os "pontos nos is"
a um turbilhão de emoções indomáveis,
justamente as que resgatam brilho nos olhos,
sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho,
quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho,
quem não se permite, uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.

Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da
chuva incessante, desistindo de um projecto antes de iniciá-lo,
não perguntando sobre um assunto que desconhece
e não respondendo quando lhe indagam o que sabe.

Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo
exige um esforço muito maior do que o simples acto de respirar.
Estejamos vivos, então!
-
-
Poema enviado pela minha querida amiga Rita... diz que se lembrou de mim ao ler este poema... porque será? Gosto Muito de Ti Ritinha... és um mimo muito bom na minha Vida!

3 comentários:

Anne Shark disse...

Amiga,
Tu é que és o sol da minha vida, meio enublada. O meu porto de abrigo.Trazes-me o cheiro a maresia, a rosas de jardim ainda com orvalho, a canela, a chá quente, a gelado de morango com corações de chocolate... Sossegas-me, dás-me paz. Levantas-me e aconchegas-me...
"Ensinas-me a pescar".
Estás perto, mesmo distante. Compreendes-me... Sincronicidades...
Não aguentaria se partisses para longe de mim, pois já fazes parte da minha vida. Adoro-te, por tudo o que és!!!
Nunca me deixes morrer lentamente..

Alexandre Correia disse...

Olá LB,

Pode crer que a sua amiga Rita é mesmo amiga. Eu não a conheço, nem a si, nem à Rita, a essa Rita, porque conheço outras Ritas, que não são, de certeza, essa Rita. Porque não têm a sensibilidade de entender a simplicidade deste poema de Pablo Neruda. Tão simples, tão belo e, sobretudo, tão verdadeiro. Tomaria todos nós tivéssemos a capacidade de viver o dia-a-dia com este poema na memória, como uma oração para nos guiar em todos os momentos, nos bons, mas sobretudo nos maus. Porque essas palavras resumem coisas essenciais para fazerem a diferença entre vivermos felizes e bem, ou infelizes e, claro, mal.

Beijo,

Alexandre Correia

LB disse...

Obrigada pela visita Alexandre. Eu estou grata à Rita pelo poema e sobretudo pela amizade. O poema faz todo o sentido... ela, igual!
E quanto a morrer lentamente... eu prefiro optar pelo outro caminho, não há sempre dois?
Lb